Como o processo contra a gravadora afundou a carreira de Irene Cara

A cantora e atriz Irene Cara, famosa por seu trabalho em “Fama” e por interpretar a canção “Flashdance… What a Feeling”, do filme “Flashdance – Em Ritmo de Embalo”, faleceu aos 63 anos de idade. 

Sua carreira deslanchou nos anos 1980, mas depois desandou. Isso ocorreu devido a um processo que ela moveu contra a gravadora que detinha os direitos autorais da música que a consagrou.

Atriz e cantora Irene Cara
Atriz e cantora Irene Cara (Reprodução - Internet)

A trajetória artística de Irene Cara

Irene Cara começou a carreira artística nos anos 1970, participando de alguns musicais teatrais, além de atuar em filmes de pequeno porte e minisséries de TV. 

Sua vida mudou após sua participação no musical “Fama”, que se tornou um grande sucesso. No filme, Cara interpretou a personagem Coco Hernandez, que originalmente seria apenas dançarina. 

Após os produtores ouvirem sua voz, ela também passou a cantar, sendo responsável por interpretar a faixa-título e “Out Here on My Own”.

O sucesso foi tamanho que as duas músicas foram indicadas simultaneamente ao Oscar de Melhor Canção Original, fato inédito até então. 

“Fame”, a música, acabou levando a estatueta mais cobiçada dos cinemas, além de conquistar o Globo de Ouro na mesma categoria. 

Irene Cara também foi indicada a melhor atriz em comédia ou musical.

Do lado musical, “Fame” também rendeu à artista dois prêmios Grammy, de Artista Revelação e Melhor Artista Pop Feminina.


Alguns anos depois, em 1983, ela estourou como cantora com a música “Flashdance… What a Feeling”, parte da trilha sonora do filme “Flashdance”. 

A canção ficou 25 semanas seguidas na parada Hot 100 da Billboard e ocupou a primeira posição em diversos países, como Austrália, Canadá, Dinamarca, Japão, Nova Zelândia e Espanha, além de garantir a Irene Cara o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Canção Original, além de mais um Grammy.


O processo contra a gravadora

Após o sucesso estrondoso de “Flashdance… What a Feeling”, Irene Cara descobriu que a Network Records, gravadora responsável pela música, não estava pagando a ela devidamente pelos direitos autorais. 

A cantora era uma das compositoras, ao lado de Keith Forsey e Giorgio Moroder. Contudo, até o final de 1984, ela teria recebido pouco mais de US$ 60 mil, valor irrisório comparado ao faturamento gerado pela música.

Cara procurou o dono da Network, Al Coury, que também era cofundador da RSO Records, com a qual ela havia assinado contrato em 1980, e foi vice-presidente da Capitol Records. 

O nome de Coury esteve envolvido com o lançamento de diversas trilhas sonoras de filmes famosos, como “Os Embalos de Sábado à Noite” e “Grease”.

Ao confrontar Coury, Irene Cara exigiu explicações, mas ele desconversava. Em meio a isso, a Network Records declarou falência e a carreira de Irene, ou seja, a imagem de Irene Cara ficou prejudicada após o processo, e isso se refletiu em sua carreira.

Irene Cara tentou continuar sua carreira, mas nunca conseguiu repetir o mesmo sucesso de antes. 

Ela lançou alguns álbuns nos anos seguintes, mas nenhum deles conseguiu emplacar grandes hits ou alcançar posições relevantes nas paradas musicais.

Além disso, a própria indústria musical parecia ter virado as costas para ela, e a falta de oportunidades tornou ainda mais difícil sua tentativa de retomar a carreira. 

Irene Cara ainda participou de algumas produções no cinema e na TV, mas já não era mais a estrela que havia brilhado no início da década de 80.

Irene Cara faleceu em 10 de abril de 2022, aos 63 anos. Sua morte deixou muitos fãs tristes e reascendeu o interesse pelo seu legado artístico, que agora pode ser reavaliado à luz de sua luta pelos direitos autorais e das dificuldades que enfrentou na indústria musical.

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