Sylvia Bandeira, que foi casada com o apresentador Jô Soares, e musa da televisão nas décadas de 1970 e 1980, ficou marcada por interpretar personagens elegantes e ricas.
Sylvia Bandeira (Reprodução - Internet) |
Contudo, o estilo requintado da atriz acabou influenciando a decisão de não escalá-la para o remake de Selva de Pedra, que foi produzido pela Globo em 1986.
A artista foi desligada da novela pouco antes da estreia, após dois meses de trabalho, apesar de já ter gravado diversos capítulos, e Maria Zilda Bethlem foi escalada como sua substituta no papel de Laura, a esposa fútil e interesseira de Aristides Vilhena (interpretado por Walmor Chagas) em Selva de Pedra.
Maria Zilda teve apenas dois dias para refazer todas as cenas que haviam sido filmadas por Bandeira. O motivo da substituição foi a impressão de que a atriz era "grã-fina demais" para o papel.
No entanto, Walter Avancini, diretor responsável pelos 20 primeiros capítulos da novela, não demonstrou abalo algum diante da mudança.
“Para uma novela, 20 capítulos não é nada. Ela não teve culpa, mas não nos sobrava tempo para trabalhar com ela”, declarou ele em entrevista ao Jornal do Brasil, em 23 de fevereiro de 1986.
Tony Ramos em Selva de Pedra - 1986 (Reprodução - Internet) |
Na mesma matéria, alguns membros do elenco demonstraram insatisfação com a dispensa de Sylvia Bandeira.
Tony Ramos, que interpretava o personagem principal Cristiano, disse à imprensa que não entendeu a razão pela qual os diretores tomaram essa decisão.
Segundo ele, "Sylvia era uma presença forte e representava muito bem" e que o ideal seria que uma situação desse tipo não ocorresse com nenhum outro ator da novela.
“Minha preocupação foi de ordem artística. Para mim, tanto faz gravar o capítulo 7 ou o capítulo 77, mas é claro que muda a linha do meu personagem se contraceno com uma ou outra atriz”, explicou Walmor Chagas, revelando que chegou a pensar numa “revisão” da decisão dos diretores em prol de Bandeira.
“Nessas horas a gente percebe que é uma migalha no meio de uma engrenagem. Não adianta nem se chatear”, disparou o veterano.
“É claro que foi uma coisa ruim, mas os diretores devem saber o que estão fazendo. Não é a primeira vez que isso acontece. Em qualquer desentendimento de trabalho a gente quer sumir. Mas a vida leva em frente e vai dar em dobro para a Sylvia”.
Maria Zilda Bethlem em Selva de Pedra - 1986 (Reprodução - Internet) |
“Eu estava convocada para gravar a minissérie ‘Anos Dourados’, com Roberto Talma, em abril, e logo depois a novela ‘Cambalacho’, de Silvio de Abreu”, contou.
“Não adianta ficar nervosa porque o meu personagem é bem humorado”, refletiu Maria Zilda, em meio à correria para gravar tantas cenas em tão pouco tempo.
Sylvia Bandeira (Reprodução - Internet) |
Após sua saída de Selva de Pedra em 1986, Sylvia Bandeira foi escalada para a novela Roda de Fogo, que sucedeu o remake no horário das oito.
A atriz também teve papéis de destaque em outras produções da Globo, como Bebê a Bordo (1988), Lua Cheia de Amor (1990), Zazá (1997), Suave Veneno (1999) e Vila Madalena (1999).
Nos anos 2000, ela se mudou para a Record e atuou em produções como A Escrava Isaura (2004), Vidas Opostas (2006), Amor e Intrigas (2007) e Vidas em Jogo (2011).
Sua última aparição na televisão até o momento foi em Sol Nascente (Globo, 2016).
Hoje, aos 73 anos, a atriz continua trabalhando, principalmente no teatro. Em uma entrevista ao jornal O Globo em 2021, ela refletiu sobre a passagem do tempo.
“Tenho energia imensa e a coisa da joie de vivre (alegria de viver). Não tem como dizer que lido super bem, que é maravilhoso, mas a outra opção é pior. Não aparento o visual de uma anciã. Quando estou bem, vou chegar chegando. Tenho uma boa genética, minha tia está com 103 anos, lúcida. […] Vejo mulheres assumindo os fios brancos e acho lindo. Mas eu sou cabelo, não vou ficar de repente com a cabeça branca. Ainda estranho isso”, disse Sylvia.